Em uma das minhas viagens resolvi comprar um livro de um poeta apaixonante, que disse uma vez que acreditava que a poesia de Vinícius de Moraes iriam sobreviver, independente de modas e teorias.
Tenho certeza que as poesias desse fabuloso poeta sempre vão ficar marcadas na vida de muitos, assim como ficaram na minha vida. E vão sobreviver a qualquer obstáculo, modas e teorias. Ele é um ser único. E com isso queria deixar hoje registrado uma de suas poesias. Para mim uma que é parte de mim.
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este é o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade
Um comentário:
atualiza isssooo aqui minha filha hehehe
beijosss
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